Descobrimos que Floripa, como seus habitantes gostam de chamá-la, tem muito mais a oferecer além das belas praias e do visual deslumbrante que faz da Ilha da Magia uns dos lugares mais visitados do sul do país, revelando trechos de interesse histórico, aliado à modernidade urbana e à “boa vida” da praia, lugar ideal para visitar com a família, como no nosso caso, que temos um filho de 8 anos nos acompanhando em todas as viagens.
As praias de Florianópolis, cerca de 100, dividem-se entre urbanas, selvagens e vilas de pescadores. Apesar das diferentes características todas são convidativas à prática de esportes ligados à natureza, pois em cada uma encontramos um atrativo especial: águas calmas, boas ondas, trilhas, etc,... As mais famosas e agitadas são as dos Ingleses, Jurerê Internacional, Joaquina, Canasvieiras, Mole, Santinho, entre outras. Já para quem prefere sossego e visual mais selvagem, sugerimos as praias do lado sul como Campeche, Armação, Morro das Pedras, Pântano Sul e Matadeiro.
Como já conhecemos boa parte das praias e estávamos a procura de passeios diferentes. A convite das agências locais Adrenailha e a Cabanha do Toque, partimos para um roteiro alternativo!
Cascading Cachoeira da Varginha
Partir para água doce em plena Florianópolis nos atraiu bastante. A AdrenaIllha ofereceu-nos um cascading na majestosa Cachoeira da Varginha que fica nos arredores do continente em São Pedro de Alcântara, primeira colônia alemã do estado.
A região é ainda bem selvagem, o acesso é feito por estrada de terra, onde deixamos os carros, seguido por uma trilha de descida íngreme de média dificuldade.Do lugar que deixamos os carros, avistávamos a cachoeira, eram mais de 30m de água rolando. Só com esta visão, os garotos – nosso filho Matheus, e o filho do Sérgio, dono da agência de aventura, Emanuel de 7 anos – já ficaram aguados!
No topo da cachoeira, já ouvíamos os uh uhus dos garotos! Lá no alto segurança é atributo fundamental. O Sérgio fez questão de mostrar-nos a ancoragem e todo o sistema de segurança que estaria envolvido na aventura, inclusive iria descer o cascading juntamente com as duas crianças, acompanhando de perto e coordenando toda a descida. Aventurar-se com crianças desta forma é muito tranqüilo, pois sentimo-nos totalmente seguros com o cuidado e orientação da agência.
Terminada a ancoragem, ouvimos as orientações e começamos a descer. Primeiro foram os garotos pendurados no Sérgio e depois fomos nós, cachoeira abaixo!
Cada passo era vigiado, sendo difícil fugir de uns escorregões, pois com exceção do Sérgio e do Marcelo (do Portal Ecoviagem), que nos acompanhou na aventura, todos nós demos umas patinadas.
No meio do percurso, o batismo; entramos numa fenda e deixamos a água lavar a nossa alma!
A adrenalina correu solta, mas todos ficamos satisfeitos com a performance e com o banho na cachoeira!E fomos nós para mais água doce...
Rafting Sto Amaro da Imperatriz
A convite da Adrenailha novamente, fomos encarar o rafting no rio Cubatão do Sul.Saímos da Cachoeira da Varginha rumo a Santo Amaro da Imperatriz, região próxima a Florianópolis, que possui nas suas fontes de águas termais o principal foco do turismo. Além de oferecer algumas opções de esportes de aventura tendo o rafting como carro chefe.
O rio Cubatão do Sul, é um rio de classes III e IV e neste dia estava com um nível excelente para que pudéssemos levar os garotos com segurança. Colete, capacete e remo na mão, partimos para aventura. As crianças, por orientação do Sérgio, ficaram no meio do barco sentados no chão, pois algumas quedas são íngremes, e a cada descida, um sacolejo e um frio na barriga!
Era muito bom! Em uma das quedas, a de maior dificuldade, as crianças, a contra gosto, tiveram que fazer uma portagem, mas entenderam que era necessário para garantir a segurança deles e ficaram nos assistindo das pedras, acompanhadas do Sérgio, que em momento algum tirou o olho deles.
Na hora do banho de rio, paramos os botes num local muito legal; No meio da queda d´água, havia uma pequena caverna, na qual todos quisemos entrar, dando para tomar um belo banho!
Em outro canto, havia um buraco fundo, com mais ou menos uns dois metros de profundidade escondido no meio das rochas, tivemos a oportunidade de entrar neste buraco e ter a sensação de estar apenas com a cabeça para fora. Os garotos adoraram estar lá dentro! Afundar era difícil por causa dos coletes, mas um dos guias forçava nossas cabeças para baixo e a água rolava por cima de nós, uma situação meio esquisita, mas inédita. Foi incrível! Os mais abusados como o guia e o Marcelo, pularam dentro do buraco, mas nós não tivemos esta coragem, apesar da vontade.
Voltamos aos botes e continuamos descendo o rio que também é muito bonito. Num trecho um pouco mais calmo, pudemos observar um pouco da paisagem que tinha o Pico do Tabuleiro pela frente e a beleza da flora nas margens, além de alguns pássaros que voavam com a nossa aproximação. Chegamos então ao final do rafting que foi muito bom!
No dia seguinte, até para dar uma relaxada, fomos atrás de cultura...
Conhecendo um pouco da História
Muita gente ainda acredita que Floripa tenha sido colonizada principalmente por alemães, mas a cidade tem em suas raízes os açorianos. Da arquitetura típica, na culinária dedicada a frutos do mar, ao artesanato destacado nas rendas de bilro, encontramos fortes traços da influência desta cultura.
Como nosso filho, nós também adoramos ostras. Fomos à Ribeirão da Ilha para que além de comê-las, pudéssemos conhecer as famosas fazendas da região.Do restaurante avistamos no mar, um pouco adiante da praia, as tais fazendas de criação.
Depois do almoço, andamos pela pequena vila, onde além das casas em estilo colonial, encontra-se o Ecomuseu do Ribeirão, que nos remete ao passado, ao compartilharmos a herança cultural deixada pelos açorianos.
Para nós, é muito importante que nosso filho conheça um pouco da cultura dos lugares que visitamos, ampliando seus horizontes. Para ele é muito gratificante quando estuda alguma coisa ou lugar que já visitou, enriquecendo bastante o tema com seus conhecimentos.
Santo Antonio de Lisboa, um dos núcleos mais antigos desta cultura, tem como destaque a Igreja Nossa Senhora das Necessidades e a Casa Açoriana com exposição e venda do artesanato local.
Encontramos também esta influência nas fortalezas do séc. XVIII, construídas para defender a ilha das invasões espanholas e no centro Histórico, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, que incluem os prédios da antiga Alfândega, a Catedral Metropolitana e o Museu Cruz e Souza, atual Museu Histórico de Santa Catarina mostrando um pouco da história do prédio que foi sede do governo até 1984.
O Mercado Público também é interessante e além da venda de pescados promove atrações culturais.
Para terminar o dia, não existe nada mais agradável do que andar pela av. Beira-Mar. Bate uma brisa suave, tornando a caminhada ainda melhor. Ao fundo, avistamos a Ponte Hercílo Luz, que é uma das maiores pontes pênseis do mundo, datada de 1926, tida como símbolo da cidade. Todas as noites é iluminada compondo um lindo visual.
No dia seguinte, nos aguardava uma aventura diferente...
Cavalgada na Reserva Florestal do Rio Vermelho
Ficar em cima de um cavalo, era o programa mais inesperado que pensamos encontrar em Floripa, mas a convite da Cabanha do Toque, que cria cavalos da raça criolo, dóceis e fortes para este tipo de trilha, fomos conhecer a Reserva Florestal do Rio Vermelho cavalgando!
A Reserva fica entre a bela Lagoa da Conceição e Moçambique. A cavalgada acontece num cenário de dunas imensas e brancas misturadas à mata que ainda resiste a elas, seguindo até a praia. Durante o passeio, a guia da Cabanha do Toque vinha nos explicando que a força do vento espalha as areias de uma tal maneira formando buracos e morros, criando as formas das dunas e engolindo a vegetação. Ver o momento desta movimentação é uma experiência no mínimo fascinante.
Fizemos a cavalgada no final da tarde, quando o sol já está mais baixo e o ar é mais fresco. O passeio dura em torno de duas horas, e pouca coisa se compara a fazer parte deste visual inesquecível!
Todos nós curtimos muito, principalmente o Matheus que adora um cavalo, mas com aquele sol quente, no outro dia queríamos mesmo era mais água...
Canoagem na Lagoa do Perí
O Parque Municipal da Lagoa do Perí, ainda enfrenta algumas dificuldades no controle do impacto ambiental que é causado pelo turismo sem controle e orientação. Formada há milhões de anos com o recuo do mar, é abastecida pelas cachoeiras Grande e do rio Perí, além de outros córregos menores sendo a maior lagoa de água doce do litoral com 5,2 Km2 de espelho d´agua.
A melhor maneira que encontramos de conhecê-la, também através da AdrenaIlha, foi percorrer de caiaque suas águas, passeio este que nos levou de encontro à natureza. Admiramos o altar– formação rochosa em forma de gruta - que por costume local, tem sempre uma santa colocada, passamos pela Pedra da Tartaruga(que realmente lembra uma).
Os mais abusados arriscam-se num mergulho e observamos a flora rica em mata atlântica secundária, isto é, replantada, por conta da devastação que sofreu a região por volta de 1700, em função engenhos de farinha, de cana, mandioca etc.
Aves e Jacarés de Papo Amarelo controlam a população de tilápias que cresce desordenadamente. Este peixe foi colocado propositalmente na lagoa e acabou com boa parte da fauna original.
A parceria entre a Adrenailha e a Brudden Náutica permitiu-nos usar caiaques de primeira qualidade, principalmente quando tivemos que domar as ondas que a todo o momento queriam virá-los. As crianças desfrutaram momentos divertidos, a sensação de quase cair fazia-os rir!
Infelizmente, encerramos prematuramente o passeio, pois com a chuva do dia anterior, caiu uma árvore no meio do caminho tornando a passagem inviável, nos impedindo de seguir para a cachoeira do Perí. Assim, teremos que fazer um retorno breve!
O roteiro alternativo que seguimos, estava ótimo, no entanto, sentimos falta de uma caminhada, então...
Caminhada na Praia do Santinho
Do canto da praia do Santinho, sai uma trilha fácil, bem sinalizada e em ótimo estado, que segue para a praia do Moçambique.
Durante a caminhada, é possível observar as inscrições rupestres, deixadas na maior parte das ilhas da região (também encontradas na Ilha do Campeche, Ilha de Porto Belo entre outras) por índios que teriam vivido por aqui há aproximadamente a 5 mil anos.
Acredita-se que por estas inscrições estarem sempre localizadas nas ilhas, os únicos que escreviam, (talvez nobres ou escribas) viviam nelas, registrando um pouco de sua cultura e vida nas rochas.
As inscrições são muito parecidas em todos os lugares que aparecem e supõe-se que signifiquem o movimento das marés, a comida - representada na costela de peixe- um possível calendário com as quatro estações do ano e as forças da natureza
A trilha sobe o morro beirando o mar, apresentando um visual incrivelmente bonito, principalmente no final da tarde, que é o melhor horário para ir no verão.
Neste ano o Matheus irá aprender sobre arqueologia, fósseis, enfim, vestígios do passado, foi ótimo estar tão perto das inscrições rupestres, além da boa caminhada.
Despedida
No dia seguinte fomos para a Ilha do Campeche que apresenta uma beleza natural representada em suas trilhas, que tem mais inscrições rupestres, e pelo mergulho livre nas águas límpidas e calmas, com muita vida marinha. É só pegar um barco que sai de meia em meia hora da praia da Armação.
Florianópolis é um daqueles lugares para os quais sempre vamos voltar e a cada volta vamos descobrir novos caminhos, novos destinos, pois a magia nunca acaba...
Dicas de Viagem
- Não deixe de passear pela Lagoa da Conceição que é um lugar muito agradável. Nos domingos acontece uma pequena feira de artesanato local na praçinha que tem por ali.
- Para quem gosta de tomar um bom café, as cafeterias apresentam os mais variados apelos: Internet, revistas, sons alternativos, ambientes joviais, etc...
- Também são servidas em alguns restaurantes a beira da Lagoa, as famosas “Seqüências de Camarão”, que são apetitosas, bem servidas e com preços justos.
- O passeio de escuna oferecido por agências especializadas, é uma boa opção para conhecer as fortalezas, além de ser muito legal, mas na hora da reserva, deixe bem claro que você quer uma ESCUNA e não um barco qualquer.
- Não deixe de conhecer também o sand surf que acontece nas dunas da praia da Joaquina. Se quiser poderá ir mais além e alugar uma prancha para uma descidinha!
-Em qualquer das aventuras citadas não é preciso experiência, apenas disposição!
-Tire muitas fotos, pois vai adorar relembrar os momentos com a família assim que chegar e por muitos anos.
-Viajando com seus filhos, não deixe de apresentar-lhes a cultura do local, é muito importante.
-Tenha sempre na mochila: Kit de primeiros socorros, repelente, protetor solar, água, algo para comer como bolachas etc, uma toalha, um boné e agasalho.
- Ao aventurar-se com crianças, só bem acompanhado, não arrisque, contrate sempre uma agência local de confiança.
- Este roteiro dá para ser feito o ano inteiro, em apenas uma semana, mas no verão a água é mais quente e ainda dá para aproveitar as praias. É uma experiência única para pais e filhos curtirem juntos. Vale a pena conferir!
-Consulte sempre um site de previsão do tempo antes de sair para os programas.
Serviços
AdrenaIlha
Rua das Gaivotas, 610 , Praia dos Ingleses-Florianópolis-SC
Visite o site da Adrenailha
Cabanha do Toque
Rod. João Gualberto Soares, 2781, Rio Vermelho-Florianópolis-SC
Visite o site da Cabanha do Toque
Conheça nosso livro:
Para onde nós vamos? Os roteiros de viagem da Família Muller
Fale conosco e reserve seu exemplar.
Visite o site da Família Muller
Conheça o conteúdo de nossa palestra:
Para onde nós vamos?
Seja mais um seguidor da Família Muller no Twitter e acompanhe nossa rotina.